Salão Nobre


Encontra-se no Salão Nobre do Liceu Municipal Cordolino Ambrósio (Campus I) um auditório com aproximadamente 150 lugares que é utilizado para reuniões e apresentações com autoria interna do Liceu. O ambiente é instalado com um piano, um televisor, mesa de recepção, um aparelho DVD e ainda um painel da famosa artista Djanira da Mota e Silva.



Esta extraordinária obra de arte, possui 25 metros de comprimento por 4 metros de largura, executado a pincel pela extraordinária artista Djanira da Mota e Silva, sem dúvida um dos valores mais expressivos da arte primitivista em nosso país. Selecionando elementos da tradição popular da sociedade petropolitana, a artista conseguiu combiná-los com tal maestria, imprimindo-lhes um magnetismo tão forte, que o painel transmite uma sensação de vida, raramente encontrada em outras obras do gênero. Assim, a autora conseguiu retratar, num estilo futurista, toda Petrópolis antiga, vendo-se o Museu Imperial, a Estação da Leopoldina e sua primeira locomotiva, operários trabalhando com picaretas e teares, jovens modelando aparelhos na cerâmica, tudo em cores diversas.

Atualmente a obra está passando por um processo de restauração:
A secretária de educação Maria Elisa Badia contou que o processo de restauração teve início em fevereiro deste ano. Na época, a prefeitura iniciou a procura para fazer o faceamento, que custou R$30 mil e foi realizado em três meses. “Com isso, conseguimos paralisar o processo de danificação da obra”, disse. Após essa fase, aconteceu uma reunião com o Iphan, onde foi pedido o auxílio para construir o projeto de restauração. A partir desse momento, é que será feita a licitação para dar início, de fato, à recuperação da obra de arte.

Maria Elisa contou ainda que foi cogitada a possibilidade de transferir o quadro para o Centro de Cultura, mas os especialistas aconselharam a deixá-la na escola, uma vez que ele foi feito sob medida, ocupando um espaço de 4 metros de largura por 25 metros de comprimento. A inspiração é futurista e, além disso, retrata de uma maneira mágica, a Petrópolis antiga, reproduzindo o Museu Imperial, a estação de Leopoldina, o tear. “Temos interesse na tutela do patrimônio cultural e, desde que observamos a necessidade de restauração dessa importante obra, estamos buscando garantir todas as etapas desse processo”, comentou, acrescentando que o quadro não só retrata, como resgata a história da cidade.
A secretária destacou também a importância da escola, que funciona no Centro Histórico e atende, atualmente, 1.500 alunos, distribuídos entre o 6º ano do Ensino Fundamental até o Ensino Médio. O salão nobre recebe todos os eventos da escola, assim como reuniões e solenidades. “É uma das unidades de ensino mais antigas da cidade, tradicional e que simboliza a história da cultura e do desenvolvimento da educação no município”, comentou.

Sobre a conclusão do projeto de restauração da obra da Djanira, destacou que depende do término do projeto, para que possa ser feita a licitação dos serviços. “O faceamento era imprescindível e urgente e englobou um trabalho minucioso, feito bloco por blocos”, afirmou. Após o término, a ideia é restaurar também o salão, para garantir a preservação do quadro.
Quem foi Djanira? Que fez? Por que teria oferecido o citado painel ao Liceu Municipal? Quererá saber, certamente quem não se dedica ao estudo da história da arte no Brasil. Satisfazer esta justa curiosidade, é um dos objetivos do presente artigo. Djanira da Mota e Silva nasceu em Avaré (São Paulo), em 1914 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1979. Ao mudar-se para Santa Teresa, matriculou-se num curso de arte no Liceu de Artes e Ofícios, onde conheceu o pintor Emeric Mercier que, segundo nos informa Furke “mais do que um orientador foi seu grande incentivador”.



DJANIRA E O LICEU DE PETRÓPOLIS


Djanira da Mota e Silva
Artista plástica, 20/06/ 1914, Avaré (SP)
31/03/1979, Rio de Janeiro (RJ)
Descendente de austríacos e de índios guaranis, Djanira da Mota e Silva passou a infância em Porto União (SC), onde trabalhava na lavoura. Na adolescência, voltou para a cidade natal, Avaré (SP). Em 1928, seguiu para São Paulo, onde foi vendedora ambulante. Ganhava pouco, morava e comia mal, mas trabalhava além de suas forças.
Contraiu tuberculose e foi internada no pavilhão de pacientes terminais do Sanatório Dória, de São José dos Campos, nos 1930. No hospital, teve acesso pela primeira vez a pincéis e telas. Djanira passou a pintar figuras de um Cristo contorcido em dores, como os pacientes do pavilhão dos desenganados.
Para espanto dos médicos, ela se recuperou e recebeu alta, quase que completamente curada. Mudou-se nos anos 1940 para o Rio de Janeiro, onde se casou com Bartolomeu Gomes Pereira, um maquinista da marinha mercante. Ele morreu quando um submarino alemão torpedeou o seu navio na Segunda Guerra Mundial.
Viúva e sozinha, alugou um quarto na Pensão Mauá, em Santa Teresa, e viveu como costureira. Os outros hóspedes eram estudantes de pintura com poucos recursos e alguns pintores estrangeiros refugiados de guerra. Entre eles, o romeno Emeric Marcier, que trocou casa e comida por aulas de arte. Djanira aprendeu técnicas, porém, permaneceu fiel ao seu estilo simples.
Próximo à pensão, o Hotel Internacional reunia pintores mais ricos, como os exilados franceses Arpad Szenes e sua mulher Maria Helena Vieira da Silva. Djanira passou a receber apoio. Participou do Salão Nacional de Belas Artes em 1942, e fez duas exposições coletivas e uma individual.
Em 1952, viajou pelo Brasil para colher imagens do cotidiano e de festas religiosas. Essa foi a fase mais expressiva de sua carreira. Representou pescadores, trabalhadores do campo e da cidade, e o místico sincretismo do catolicismo e cultos afro-brasileiros.
O painel "Santa Bárbara" (1964), de 130 metros quadrados e 5300 azulejos, é um dos melhores exemplos desta fase e está hoje no Museu Nacional das Belas Artes do Rio de Janeiro. A obra é uma homenagem aos 18 operários mortos na abertura do Túnel Santa Bárbara, entre os bairros de Catumbi e Laranjeiras, no Rio de Janeiro.
A famosa pintora, ilustradora brasileira, viveu os últimos anos de sua vida em sua residência de Petrópolis, localizada no atual bairro da Samambaia, participou de inúmeras exposições na cidade além de haver pintado o magnifico painél em homenagem a cidade na época no salão nobre da grande escola petropolitana do período que era o Liceu Municipal Cordolino Ambrósio, onde encontra-se a tela até a atualidade.
Em 1979, com a saúde novamente debilitada, entrou na Ordem Terceira do Carmo e mudou o nome para Teresa do Amor Divino. Morreu no convento. 

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